Arte e Ciência

Arte e Ciência - experiências de brincar de decifrar a ciência escondida nos brinquedos e na vida, indagando de que maneira experiências científicas que lancem mão de elementos lúdicos nos facilita reconhecer no pensamento lógico sua face de brinquedo. Considerando a imaginação que nos faz mergulhar na profundidade das coisas, descobrindo as forças vivas da natureza, esta ação pensa, com Bachelard (1996) a possibilidade de uma dupla pedagogia, da Razão e da Imaginação. Levantando questões para a construção de uma educação da felicitasfelicidade/fecundidade, ou seja, uma educação que assume o compromisso com a razão e a paixão no plano do saber estas ações tem nos permitido observar e refletir sobre a importância de uma experimentação de caráter aberto, não prisioneira de modelos científicos que se fecham na tentativa de controlar o erro e com forte presença da ideia de resultado, resposta pronta e tempo encerrado. Mas outra que preserva o ritmo e o desenvolvimento da experiência, levando em conta a articulação dos registros lógico e dramático, jogando com as ideias intuitivas que mantem a fertilidade do conhecimento. Nestas experiências percebemos ainda a importância do lúdico corporal na reconstituição de uma ressonância física e afetiva que se revela no conhecimento, fonte de rememoração e significação (PAÍN, 1999). E ainda a importância da história não somente da ciência e dos conhecimentos, como nosso conhecimento prévio em relação a ele, resgatando o valor da curiosidade – audácia, resistindo à curiosidade domesticada das formas reificadas (JOBIM E SOUZA, 1994). As oficinas de criação de brinquedos tem se revelado uma rica experiência na fronteira da arte com a ciência, realizada tanto com alunos da Educação Infantil, projeto Lendo e Escrevendo, aula de física no Ensino Médio e na formação de professores do CNS como oficina eletiva. Brincando, cada grupo em sua singularidade busca o desenvolvimento de projetos de criação de brinquedos baseados em suas interações lúdicas de aprendizagem, identificando iniciativas e intenções numa conexão que se espera viva entre conhecimento e realidade, através da qual a pessoa e o meio se desenvolvem. Assim também as oficinas de alfabetização científica nos revelam, nas interações lúdicas com as questões que se apresentam as tensões geradas no processo de conhecer, fruto da inquietação da razão que desfaz hábitos cognitivos nos colocando a deriva de nossas certezas, abrindo espaço ao desconhecido. Assim como o lúdico pode ser considerado como um impulso que me leva ao desconhecido, na aprendizagem do meu desejo de conhecer, este tempo/espaço de tensão é suscetível de se constituir em motor de pesquisa. Parceiros que já brincaram conosco nestas ações: CNS/ projeto CISA – alfabetização científica (2005/06) e Disciplina de Artes – brinquedos surrealistas (2004); Ensino Médio/ Laboratório de Física (2008/09); Projeto Investigativo Lendo e Escrevendo; Educação Infantil/ sala de brincar.

Referências:
BACHELARD, Gaston. A formação do espírito científico. Rio de Janeiro, Contraponto, 1996.
JOBIN E SOUZA, Solange. Infância e linguagem: Bakhtin, Vygotsky e Benjamin. Campinas, SP, Papirus, 1994.

PAÍN, Sara. A  Função da Ignorância. Porto Alegre, Artes Médicas, 1999


O Trajeto da Brinquedoteca ISERJ nesse campo:

Em 2002 a brinquedoteca realizou 2 oficinas de construção de brinquedos, uma em parceria com o projeto investigativo de inclusão Lendo e Escrevendo, alunos dos anos iniciais do ensino fundamental; e outra como disciplina eletiva no CNS.

Em 2005, a brinquedoteca foi parceira do projeto desenvolvido pela disciplina de ciências do CNS (CISA) denominado “Alfabetização Científica”, coordenado pela professora Sandra Santos. 

Em 2009 retomamos o projeto Alfabetização Científica apenas com alunos da educação infantil.

Ao longo deste trajeto pontuamos questões relevantes na construção de uma educação da “felicitas – felicidade/fecundidade”, educação que assume compromisso com a vida, com a razão e a paixão no plano do saber¹.

  • A importância de uma experimentação de caráter aberto – não prisioneira de modelos científicos fechados na tentativa de controlar o erro, com forte presença da idéia de resultado/ resposta pronta/ tempo encerrado, mas uma experimentação que preserva o ritmo e o desenvolvimento da experiência, que leva em conta a articulação dos registros lógico e dramático jogando com as idéias intuitivas a fim de manter a fertilidade do conhecimento.

  • A importância do lúdico corporal – (re) constituindo a ressonância física e afetiva, raiz do conhecimento que está lá, como pré- pensamento, fonte de rememoração e significação, que, no agir e no manejo com os objetos da realidade, no confronto com suas leis lógicas e seu sentido na cultura, vão ajudando a tecer o caminho “do prazer de decifrar para o prazer de compreender” ²

  •  A importância da história, não somente a história da ciência e dos conhecimentos, como nosso conhecimento prévio em relação a ele, resgatando o valor da curiosidade – audácia, resistindo à curiosidade domesticada das formas reificadas. 

Nossos referenciais são as teorias e práticas lúdicas, que tem nos permitido resinificar as categorias de tempo/espaço, liberdade e incerteza entre outros; as teorias críticas da educação e psicologia, questionando o consumo de conteúdos escolares, descontextualizados do desejo e interesse das crianças e de sua efetividade material e sensível, enquanto práxis histórica e social.

A oficina se organiza em 4 momentos:
  • Sentir e aproximar o desejo: primeiro esboço do projeto
  • Pensar como realizar: cálculos, materiais, técnicas e protótipos.
  • Fazer o brinquedo: construção, testes e acabamento.
  • Refletir sobre o processo: a história do sujeito e do brinquedo
¹ Jobim e Souza, S. (1994). Infância e Linguagem: Bakthin, Vygotsky,Benjamim. Campinas, SP: Papirus
²Sara Pain. (1999). A função da ignorância. Porto Alegre: Artes Médicas.

Imagens Alfabetização Científica
Imagens Surrealismo 
Imagens A Física Escondida Nos Brinquedos

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